Nina Rosa 11th March 2013

Filhotinha querida, mais um dia 11, e as lembranças passam pela minha cabeça como um filme. Dia 11 de agosto de 2010, nos falamos várias vezes, por vários motivos. No início da noite fomos buscá-la em casa para irmos com voce até a Barra Funda, na Uninove para uma entrevista pois para lá encaminharam voce, para vaga de professora. Ao chegarmos no seu prédio, atrasamos um pouco, voce já nos esperava sentada na soleira da entrada do prédio. Lá fomos nós, felizes, rindo, brincando, o papai pedindo para voce ajudar nas palavras em ingles de uma musica gospel que ele colocou para tocar. Caminho confuso, nos atrapalhamos um pouco, voce ficou um pouco nervosa com medo de atrasar, mas no fim chegamos em tempo. Uma grande confusão de alunos para passar pela catraca para entrar, ainda nos retardou mas finalmente voce subiu para a entrevista e nós ficamos no pátio, cheio de mesas porque estavamos no espaço das cantinas. Fazia muito frio e ventava muito, mas ficamos lá o papai e eu conversando, cada um orando mentalmente para que voce se saísse bem na entrevista. Estávamos muito felizes, como sempre que estávamos com voce, que voce nos pedia para irmos levá-la ou buscá-la em algum lugar, ou quando estava conosco em casa. Tínhamos orgulho de estar com voce, de compartilhar dos seus sucessos, dos seus anseios, enfim da sua vida, afinal voce já não estava mais conosco há mais de 9 anos, seu tempo de casada. As 22:30 voce voltou da entrevista e eu a vi de longe, com aquele seu casaco preto, do qual eu gostava muito, e achava que ele ficava lindo em voce. Acompanhei-a com o olhar até chegar perto de nós e admirei-a, pensei que linda é minha filha, que porte elegante, que benção o Senhor me deu. Fui abençoada por duas vezes, pois, tanto voce como a Maga, são a nossa razão de viver. Ao chegar ao meu lado voce brincou dizendo, que programa de "ïndio" hein mãe? Eu lhe respondi vamos marcar um diferente e muito melhor não é filhota? Resolvemos tomar um café e depois viemos embora com a mesma alegria, voce iria aguardar a chamada porque no dia 12 faria a cirurgia da vesícula e eles tinham urgência. Deixamos voce em casa após abraçá-la, beijá, abençoá-la desejando boa noite e viemos embora, com a promessa de ligar para voce ao chegarmos em casa, hábito que sempre tivemos entre nós. No dia seguinte pela manhã, preparei tudo para esperá-la por volta das 10:30h para nos dirigirmos ao hospital. Em torno de 9:00h comecei a sentir uma aflição muito grande e comecei a chorar, não queria mais que voce fizesse a cirurgia, mas o que fazer meu Deus se ela era necessária e já tardava em ser feita. Tentei me controlar, fui ao escritório falar com o papai e pedi a ele que fizesse uma oraçao comigo. Fomos para a sala ele pegou a Bíblia, leu um versículo que não sou mais capaz de lembrar qual foi, e depois oramos, oramos muito por voce, pedindo ao Senhor que tudo desse certo, que ele abençoasse voce, os médicos, que guiasse as mãos deles durante a tua cirurgia. Me acalmei mas mesmo assim liguei para a secretária do Dr. Paulo pedindo a ela que o lembrasse de falar conosco logo após a cirurgia, o que realmente ele fez, e eu na mesma hora olhei para cima e disse: Graças a Deus. Não durou muito o meu alívio amor querido, pois depois de uns vinte minutos nos chamaram e o Dr. Paulo nos informou do que ocorrera enquanto ele viera falar conosco. Começava ali filha querida o meu calvário. Voce foi levada para a UTI, e a perspectiva de melhora foi diminuindo dia a dia. Correntes e correntes de orações aconteceram pedindo pela sua vida, pessoas que a conheciam e outras que não a conheciam mas ficavam sabendo que voce era nossa filha e da situação. Cada ida diária ao hospital era uma expectativa de melhora frustrada, até que no dia 20 voce nos deixou para sempre filha amada. Foi morar com o Senhor, mas a nossa vida mudou radicalmente, outras coisas aconteceram, embora com muita ajuda, com medicação o nosso sofrimento a nossa dor filha ainda é muito grande. Ainda não aprendemos a viver sem a sua presença meu bem. Sentimos muita falta da nossa Lilica querida, da nossa gatinha, que gostava de se enroscar e se aninhar no nosso colo, de andar de mãos dadas quando saíamos para qualquer lugar. Filha oramos diariamente pedindo ao Senhor pela sua Paz Eterna e que ele seja generoso conosco nos ajudando a encontrar consolo, a preencher de alguma forma o vazio que ficou na nossa vida, na nossa alma. Filha dia 20 completará 31 meses da sua partida e a dor que sentimos é a mesma, é como se isto tivesse acontecido ontem. Amamos voce filha querida, queremos que voce esteja bem em sua nova morada, mas as lágrimas ainda rolam abundantemente pelas minha faces particularmente porque a saudade é imensa, porque ainda não consegui entender o porque de tudo isto, já que voce fez todos os exames pré-operatórios e tudo estava em ordem para a cirurgia. Peço ao Senhor, repetidamente perdão por ainda não ter conseguido aceitar a situação, pelos meus constantes porques? pela minha insistência em querer entender tal mudança em nossa vida. Mas uma coisa filha não canso de dizer e direi até o meu último suspiro, eu te amo muito querida, voce foi, continua sendo e será sempre benção em nossa vida. Que a Paz do Senhor recaia sobre voce minha Lilica querida, e que ele na sua misericórdia infinita permita que nos reencontremos e vivamos felizes para sempre, sem dores, tristezas, doenças, e outras mazelas mais, quando estivermos ao lado dele também, recebendo sua benção de vida eterna.